sexta-feira, julho 14, 2006

Os tempos são outros, mas nunca se sabe...

Primeiro levaram os comunistas,
mas eu não me importei com isso.
Eu não sou comunista.
Em seguida levaram alguns operários,
mas não me importei com isso.
Eu também não era operário.
Depois prenderam os sindicalistas,
mas não me importei com isso.
Eu não sou sindicalista.
Depois agarraram os sacerdotes,
mas como não sou religioso,
também não me importei.
Agora estão me levando,
mas já é tarde.
Bertolt Brecht

Primeiro despediram os funcionários públicos,
mas eu não me importei,
não sou funcionário público.
Depois proibiram a greve dos professores,
mas eu não me importei,
não sou professor.
Depois proibiram a manifestação dos militares,

mas eu não me importei,
não sou militar.
Depois foram os juízes, os polícias, os enfermeiros,

mas eu não me importei,
não sou juiz, nem polícia, nem
enfermeiro.
Agora estão a bater-me à porta,
mas já é tarde.
António Cebola

segunda-feira, julho 10, 2006

O adeus de Figo

Acabou o Mundial 2006 e lá vamos nós todos ter que voltar a cair na real. Para começar - e isto para não falar do desemprego e de outras pragas sociais - aí estão, de novo, os incêndios. O governo de Sócrates, que tanto alardeava as estatísticas em seu favor, tem agora para exorcizar a triste ocorrência de ontem, Domingo, da qual resultou a morte de seis bombeiros, cinco dos quais chilenos.

Mas voltemos ao Mundial 2006. A eficaz Itália lá conseguiu despachar a França; Zidane estragou a sua “festa de despedida” com aquela violenta cabeçada em Materazzi (o que será que este lhe terá dito ?); sobre a selecção portuguesa, ficou a imagem de que - com Nuno Gomes em campo, contra a França - talvez pudéssemos ter sido nós a ir à final. Mas o que lá vai, lá vai...

Entretanto, Figo e Pauleta despediram-se da Selecção. Regra geral, toda a gente diz o que de melhor há para dizer da pessoa de Figo. Também para mim, Figo é um dos melhores jogadores de sempre. Quanto à sua personalidade, já não partilho da mesma opinião da generalidade dos portugueses. Não esqueço o contrato-promessa que este assinou com o Benfica, quando o Sporting - nos tempos idos de Sousa Cintra - estava financeiramente de rastos. Valeu na altura alguma ética dos dirigentes do Benfica para que Figo pudesse voltar ao seu clube de sempre (?). Pouco tempo mais tarde, Figo assinou, em simultâneo, por dois clubes italianos. Em consequência, a Federação Italiana de Futebol decretou que Figo não poderia jogar na Itália nos três anos que se seguiram a esta “trapalhada”. Depois, foi a vez de Figo ir para o Barcelona. Quando era o menino querido das gentes de Barcelona, resolveu trair a causa catalã (porque é disso que se trata, de facto) e foi para Madrid. Ficou-lhe colado o epíteto de pesetero - para sempre. Parte depois para Milão e não perde oportunidade para dizer mal do seu último treinador no Real. Em 2004, exterioriza o desejo de deixar a nossa Selecção mas, algum tempo depois, regressa.
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São demasiados golpes-de-rins para que eu possa considerar Figo como um bom rapaz. É, na realidade, um grande futebolista, mas a tal classificação de bom rapaz deixo-a para Rui Costa e para Pauleta.

quinta-feira, julho 06, 2006

Portugal não arriscou ser melhor que a França

Infelizmente, eu tinha mesmo razão. Só nunca esperei que a mais ínfima possibilidade de arriscar fosse manietada pela rotina e tivesse que ficar submetida a um pretensamente forte espírito de grupo. O qual, como é óbvio, nunca chegaria - por si só - para ganhar o jogo.
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Talvez por estar fisicamente limitado, Deco escondeu-se do jogo e, em consequência, as oportunidades de golo para a nossa Selecção quase não existiram. Sem profundidade no futebol praticado, sem se conseguir penetrar na grande área dos franceses, Pauleta não poderia ser nunca a solução certa. Uma verdadeira alternativa não poderia ser rotineira.
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Para resolver o problema, Scolari voltou a apostar - teimosamente - em Postiga que, ainda por cima, teve o azarado condão de "roubar" a Figo a única oportunidade de golo digna desse nome. Pena que a fé de Scolari não tenha tido, ontem, a devida (e a merecida) receptividade por parte das Nossas Senhoras da sua devoção, ao ponto de Estas o inspirarem.
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Completamente desnecessárias foram aquelas desculpas esfarrapadas que tiveram como base a actuação do árbitro e a pseudo-pequenez do nosso país. Sinceramente, não esperava ver Scolari - nem muitos dos nossos melhores jogadores - a cairem daí abaixo. Teria sido preferível que o nosso seleccionador tentasse responder a esta questão: afinal, o que foi Nuno Gomes fazer à Alemanha ?
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Seja como for, chegámos onde chegámos com alguma felicidade, sim... mas também com categoria e muita força de vontade. E isso é o que "conta para o totobola" - termos chegado às meias-finais é o que ficará, de facto, para a História. Resta-nos agora a "crueldade" (para os nossos jogadores) de lutar pelo 3º lugar. Quanto ao futuro campeão do Mundo, e sem quaisquer ressentimentos, aposto na Itália.
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Parabéns Portugal !!!

segunda-feira, julho 03, 2006

Portugal - França

Como português que sou, é óbvio que estou super contente pelo facto da selecção portuguesa estar já nas meias-finais deste Mundial 2006.

De facto, já estávamos todos fartos de vitórias morais, ou seja, fartinhos daqueles jogos em que os portugueses eram os melhores em campo mas quem ganhava eram sempre os outros. No entanto, não é pelo facto da nossa Selecção ter chegado onde chegou que eu deixei de raciocinar.

No jogo contra a Holanda, as verdadeiras oportunidades de golo foram escassas e acabámos por tirar uma certa vantagem daquela espécie de batalha campal em que se transformou a 2ª parte. Contra a Inglaterra, as nossas oportunidades de golo foram praticamente nulas. Para que não nos enganemos a nós próprios, há que reconhecer que aquilo que nos valeu foi a heróica façanha de São Ricardo (para "azar" dos apaniguados de Vitor Baía).

O forte espírito de grupo que, insofismavelmente, esse grande condutor de homens - Scolari - induziu na equipa tem-se revelado de uma enorme importância. E é a esse forte espírito de grupo que se deve, sobretudo, o facto de já estarmos nas meias-finais. Contra a França, esse continuará a ser um ponto a nosso favor.
Mas não chega...
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Tal como diz o povo, não há duas sem três: ou bem que somos capazes de criar mais oportunidades de golo contra a França, materializando-as, ou então acabaremos inapelavelmente relegados para a discussão dos 3º e 4º lugares, correndo o risco de ficarmos aquém do feito conseguido pelos Magriços, em 1966.

Mas pode ser que, com Deco em campo, as coisas se tornem bem mais fáceis para Pauleta, o qual tem sido positivamente entregue à sua (má) sorte no meio de matulões de 1,90 m. E também pode ser que Scolari, perante uma eventual necessidade, seja um pouco menos “teimoso” e não veja em Hélder Postiga a única hipótese possível para substituição de Pauleta. Só espero é que isto não aconteça em desespero de causa. Muito sinceramente, prefiro ver o Pauleta a encher o cabaz aos franceses.
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Força Portugal !!!

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