quarta-feira, abril 19, 2006

A morte ao serviço das audiências

Até há uns dias atrás, eu não sabia quem era Francisco Adam. Este meu desconhecimento deve-se ao facto de nunca ter visto um único episódio dos “Morangos com Açúcar”. Mas, como é natural, isto não me impede de lamentar a trágica morte deste jovem actor, desaparecido na chamada flor da idade.

Logicamente, este meu desconhecimento também não me impede de criticar a forma como a TVI explorou - desgraçadamente - a morte deste jovem actor, ao ponto de ter transmitido o seu funeral, em directo, como de um grande acontecimento nacional se tratasse. Audiências oblige...

Vivemos numa época em que a ausência de valores é total. Estamos a atravessar um longo período do “salve-se quem puder”. Em termos de economia, é o neo-liberalismo que impera... E, na realidade, já não há agente económico que tenha alguma vergonha na cara. Desde que os famigerados mecanismos de mercado funcionem, está tudo bem. O resto são balelas de românticos bem intencionados... Na verdade, um funeral como espectáculo é - para toda essa gentalha - apenas mais um produto a ser colocado no mercado do audio-visual.

Mas esta ausência de valores é uma moléstia que se vai espalhando. Segundo consta, os jovens fãs que se deslocaram a Runa para o funeral de Francisco Adam, pareciam lá estar apenas para ver - ao vivo - os actores dos “Morangos com Açúcar” presentes, não mostrando grande emoção com o acontecimento, em si. Mas, no fundo, a culpa não é deles. Há que não esquecer que “filho de peixe sabe nadar”.

NOTA DE RODAPÉ: um gajo que fosse mesmo mauzinho diria que os balsemões e os penins estão - nesta altura - tristérrimos por não ter acontecido algo de semelhante a alguém que fosse imagem de marca da sua estação televisiva.

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